Lei de Acesso
 

Faça sua busca pelo site


MOBILIDADE URBANA

natal.rn.gov.br » Mobilidade Urbana » História

  • História


Dos bondes à cidade que não pode parar



Guto de Castro


Do cavalo ao bonde, da charrete ao ônibus, no sobe e desce das ladeiras da cidade uma certeza de mais de quatro séculos: a cidade não pode parar. E esta é, sobretudo, uma história sem fim.


E tudo começou, na verdade, com a audácia daqueles que tiveram a coragem de escrever com suor, alegria, tristeza e determinação a saga que começa a ser contada a partir de agora nestas breves páginas.


Natal como dizia o historiador Luís da Câmara Cascudo “era uma fazenda iluminada”. Foi neste período, entre os anos de 1900 e 1908 do século passado (XX), que os irmãos Celso Augusto Santiago e João Federacino Santiago organizaram na cidade uma empresa de aluguel de “Vitórias”, na verdade um tipo de carruagem de quatro rodas com assentamento na frente para o cocheiro, puxada por tração animal e que servia as famílias com maior poder aquisitivo.


A grande maioria se deslocava de cavalo, a pé ou pegava carona em cima dos carros de boi que transitavam pelo município. Para atender essa enorme fatia do mercado, apareceram na cidade os primeiros bondes puxados a burros.


O primeiro itinerário dos bondes compreendia o trecho entre o tradicional bairro da Ribeira e a Cidade Alta e foi inaugurado no dia 7 de setembro de 1908, pela Companhia Ferro Carril do Natal. A viagem começava na rua Dr. Barata (Ribeira) e seguia até a rua Padre João Maria(Centro).


Depois, os antigos bondes foram substituídos pelos veículos com tração elétrica. Chamados de Bondes Elétricos até meados de agosto do ano de 1915, a cidade contava apenas com quatro (04) linhas de bondes. Eram lentos, tão lentos que se o chapéu de um passageiro caísse na rua, dava para o cidadão descer do veículo, apanhar o acessório e subir novamente no veículo em pleno movimento.


O tempo passou e dois momentos marcaram profundamente a história deste transporte em Natal. O primeiro momento teve como protagonista a figura do Padre Monte, que antes de morrer, percorreu toda a cidade de bonde se despedindo de seus fiéis. O segundo momento histórico ocorreu durante a revolução Comunista, quando foram incendiados na cidade dois veículos.


Depois do fracasso da revolução Comunista, o serviço de bonde acabou. Apareceram na cidade os primeiros veículos particulares e os primeiros coletivos que chamamos hoje de ônibus. É neste período que vai nascer o primeiro organismo com o objetivo de organizar o trânsito e o transporte na cidade.



De lá para cá, o nascimento da história da STTU



Órgão nasceu da necessidade de organizar o trânsito e o transporte na cidade.


É bem verdade que a história do trânsito e do transporte coletivo em Natal nasce bem antes da circulação dos bondes na cidade. No tempo da circulação dos primeiros carros de boi e carroças puxadas a burros – entre os séculos XVI e XVII.


O movimento desses veículos caracterizou juntamente com os pedestres o que podemos chamar de primeira era do transporte e trânsito na capital do Rio Grande do Norte. Nesse período não havia legislação específica para disciplinar o setor. Anos depois, com o desenvolvimento da colônia, chegou-se a era do “bonde” com tração animal e posteriormente os bondes elétricos e os primeiros transportes particulares e os primeiros ônibus chamados de “Birutas”.


Com as Birutas nasce também a primeira tentativa de planejamento e fiscalização do Sistema de Transporte Público de Passageiros em Natal. O órgão da Prefeitura do Natal que passa a controlar os transportes coletivos e o tráfego de veículos chama-se Departamento de Fiscalização e Trânsito Municipal. Também chamado de DFTM, e que teve como primeiro administrador o major da PM José Medeiros de Aguiar com escritório localizado no Palácio Felipe Camarão e subordinado a Secretaria de Serviços Urbanos. O trabalho era executado por uma pequena equipe composta de Guardas Municipais e inspetores de transportes.


Em outubro de 1965, assume a função do DFTM o tenente da Marinha Nazareno Pinto – gestão do prefeito Tertius César Pires de Lima, almirante da Marinha. Sucedendo o almirante Lima Barreto, o então prefeito Agnelo Alves nomeia para a Secretaria de Serviços Urbanos o empresário José Pinto freire. O empresário resolve designar o funcionário público municipal Roberval Pinheiro Borges para assumir a direção do Departamento de Fiscalização e Trânsito Municipal – DFTM.


Em 1966, o órgão é transformado em Comissão de Serviços Concedidos. Nasce neste período também, os primeiros ônibus a operarem com “borboletas” ou “catracas” que registram o número de passageiros. Os veículos pertenciam a empresa Guanabara, cujos ônibus operavam a famosa linha 100 (Rocas/Quintas) com placas 20-527 e 20-864.


No dia 21 de dezembro de 1968, através da lei 1.805, o prefeito Agnelo Alves transforma o antigo DFTM no Departamento de Concessões e Trânsito – o DCTRAN. O novo departamento dará origem anos depois ao Grupo Executivo de Transporte Urbano – GETU.


Sucedendo o GETU, o sistema de transporte de Natal passa a ser supervisionado a partir de 1984 pela Superintendência de Transportes Urbanos (STU), órgão composto de engenheiros, arquitetos e técnicos com a missão de planejar e fiscalizar o transporte na cidade.


A Superintendência de Transportes Urbanos se transformaria em Secretaria de Transporte e Trânsito Urbano (STTU) a partir da implantação do Novo Código de Trânsito Brasileiro (1997) e posteriormente em Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (2009), retomando a sigla STTU mais recentemente no ano de 2014.


* Guto de Castro é escritor e pesquisador, autor dos livros “A Ribeira”, “O Quinto Mandamento”, “Quem Matou Zefa Fauna?” e “13 Poemas Muito Ruins”.



SEMPLA desenvolvimento. Seguimos as seguintes recomendações de projeto: w3c_aa w3c_xhtml w3c_css